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Quem é você e o que faz?

Meu nome é Talita Pagani, tenho 27 anos, nasci em Bauru — onde ainda moro/trabalho —, cidade do interior de São Paulo, conhecida como a Springfield brasileira. Sou formada em Ciência da Computação, pós- graduada em gestão de projetos e mestranda em Ciência da Computação na UFSCar. Trabalho na MSTECH e também sou professora de pós- graduação em Engenharia de Software na USC. Continuo me dedicando à área de front-end paralelamente a de gestão de projetos e também às áreas de usabilidade e acessibilidade, nas quais tenho me focado desde 2009.

Quando tive meu primeiro computador em 2000, mal sabia que iria me apaixonar pelo mundo da Web. Em 2001, comecei a criar meu primeiro site com o saudoso HPG. Depois, conheci o MS FrontPage e fazia altas páginas estilosas com frames e "DHTML". Nessa época eu mexia pouco com o código, mas depois comecei a me aprofundar em HTML e CSS (e mais pra frente, em JS), porque queria entender como as coisas funcionavam. Acabei não optando por fazer um curso técnico no ensino médio, então fui fazer cursos profissionalizantes na área de Web, decidida a seguir nessa área. A primeira linguagem server-side que aprendi foi VBScript (a.k.a. ASP) e desenvolvi meu primeiro site pessoal, onde fiz um gerenciador para o site (nem existia a definição de CMS!), que tinha até a parte de publicação do blog com direito a pré-visualização.

Comecei a faculdade estagiando nos Correios como programadora. Trabalhava com ColdFusion e SQLServer, mas também comecei a me envolver muito mais com front-end, pois trabalhava no projeto da intranet regional. Foi lá que li meu primeiro livro de usabilidade: "50 websites desconstruídos", de Jakob Nielsen. Foi amor à primeira página e, desde então, mergulhei de cabeça na área de usabilidade, que me levou à acessibilidade.

Em 2007, entrei em uma multinacional e trabalhei em projetos para os Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, etc. Aprendi muito sobre design de interface, performance web e arquitetura de informação, mas também decidi que queria trabalhar mais com HTML/CSS/JS, sem perder o foco na usabilidade. Fui me afastando da produção de layout e me especializando mais na codificação. Cheguei a ser líder técnica, mas meu inglês me barrou para a coordenação da área de design e isso foi uma grande lição aprendida.

Saí no final de 2010 para minha primeira tentativa de mestrado e fiquei 1 ano e meio fora do mercado. Nesse tempo, comecei a escrever para o Tableless e foi quando os primeiros convites para minicursos e palestras apareceram. Além de poder passar meu conhecimento, vi uma grande oportunidade de me preparar para a docência, pois percebi que gostaria de ser professora, além de desenvolvedora.

No começo de 2012, quando saí do mestrado, queria voltar para o mercado e entrei na MSTECH. Comecei como desenvolvedora, mas realizava mais testes funcionais do que programava e achei isso ótimo, pois agreguei outra paixão à minha lista: teste e qualidade de software. Também tive oportunidade de realizar pesquisas com HTML5, principalmente quanto a jogos. Foi quando desenvolvi nas horas vagas o Damn Aliens com o CraftJS. Hoje sou assistente de gestão de projetos. Ter essa visão dos dois lados foi importante para que eu pudesse abrir a mente e aprendesse a realizar o equilíbrio entre as necessidades de negócio e a necessidade da equipe e dos usuários.

Em 2012, realizei a primeira edição do FrontInterior, junto com o Richard Johansen, pois víamos que faltavam eventos de front-end de qualidade em Bauru e região. A iniciativa deu certo, fizemos uma segunda edição em 2014 e já estamos pensando em 2015.

Em 2013 passei a fazer parte do Grupo de Especialistas em Acessibilidade do W3C Brasil. Em 2014, assumi como [líder local de Bauru][lider- bauru] pela Interaction Design Foundation (IDF), para ajudar a desenvolver a comunidade de UX Designers de Bauru e região.

Ah, e mesmo com tanta coisa, eu tenho um pouco de vida social :)

Qual hardware você usa?

Meu notebook é um pouco "velhinho", já vai fazer 4 anos. É um Dell Inspiron 15.6" com Core i5, 4 GB de RAM e 320 de HD. Pretendo investir em outra máquina, mas ainda não decidi se comparei um MacBook. Geralmente tenho dual boot para Windows/Ubuntu, mas esta minha máquina está somente com Windows 7. Percebo que isso causa muita estranheza nas pessoas. Não tenho problema em utilizar outros SOs, mas uso o Windows por questão de compatibilidade com alguns software e jogos. Eu vejo o SO como mais uma ferramenta de trabalho, procuro me manter produtiva independente do SO e consigo fazer tudo o que preciso. Sempre digo que a ferramenta não faz o profissional, o profissional é que usa a ferramenta como extensão do potencial que ele já possui. Também uso em casa um mouse wireless da Microsoft. Para emergências, tenho um modem 3G que já me socorreu várias vezes.

Workspace de Talita Pagani
Workspace de Talita Pagani.

Não sou adepta de tablets. Como dispositivo móvel, tenho um Samsung Galaxy S5.

No meu trabalho, uso um notebook Lenovo, Core i3, 4 GB de RAM e 320 de HD; um monitor Dell de 19", mouse e teclado externos, com apoios ergonômicos.

Qual software você usa?

Como navegador principal, utilizo o Chrome. Faço uso também do Firefox e do Firefox Nightly. Para trabalhar com design responsivo e testes de acessibilidade, o Firefox tem sido o melhor navegador: para RWD, por conta do modo de design adaptável; para acessibilidade, por ser o que mais implementa as especificações do WAI-ARIA no Windows. Uso o Opera apenas para testes, assim como o Internet Explorer.

Como editores de texto, uso o Sublime Text, Aptana Studio (que é uma IDE, na verdade) e Notepad++. Sim, os três. Eu vou revezando entre eles de acordo com a necessidade, gosto de experimentar diferentes editores. Como uso o Less como pré-processador CSS, faço uso do WinLess para compilação. Para comparar arquivos de código fonte, se eles não estiverem no controle de versão, utilizo o CSDiff.

Para controle de versão, utilizo SVN com Tortoise ou Git com SourceTree, apesar de que prefiro linha de comando para trabalhar com Git. Para trabalhar com o GitHub, utilizo o client para Windows, com o GitShell.

Para armazenamento na nuvem, faço muito uso do Dropbox e do Google Drive. Uso mais o GDrive para documentos colaborativos e materiais que quero compartilhar facilmente (acho melhor do que o Dropbox nesse sentido), como os materiais das minhas aulas. Utilizo o PowerPoint para preparar minhas palestras e materiais de aula.

Quando preciso trabalhar em algum layout nas horas vagas, utilizo o Photoshop. Se precisa trabalhar com vetor, utilizo o InkScape ou Illustrator. Eu uso tanto software livre quanto software proprietário, depende da necessidade.

Como trabalho com gestão de projetos, utilizo muito o MS Project no trabalho e o OpenProj em casa e nas minhas aulas. No trabalho, utilizo o Redmine para gerenciar tarefas, mas gosto muito do Trello e tenho explorado o Podio para gerenciar projetos como um todo.

Para acessibilidade, utilizo o Daltonize no Chrome (para testar contraste), a Accessibility Evaluation Toolbar no Firefox, o leitor de telas NVDA e, ocasionalmente, o ASES.

Quanto a prototipação de interfaces, sou fã do Balsamiq Mockups, mas também utilizo o Microsoft Visio, principalmente se for para wireframes.

Adoro ferramentas de produtividade e que ajudam a manter o foco. Utilizo o FreeMind para organização de ideias (inclusive escrita de artigos). O DeskTime me ajuda a saber a minha taxa de produtividade através do tempo que utilizei aplicações úteis, de acordo com o que eu classifico como aplicação útil. Para manter o foco, uso o PomodoroApp junto com o Focus45 no Chrome, para que eu não caia na tentação de acessar rede social, e-mail, etc, durante o tempo do pomodoro, pois eu sou muito dispersa e tenho tendências a fazer várias coisas de uma vez. Para ajudar a priorizar minhas tarefas no trabalho, tenho experimentado a Priority Matrix, que tem melhorado minha tomada de decisão quanto às tarefas mais urgentes.

O que te motiva a fazer o que faz?

Minha maior motivação é poder fazer a vida das pessoas melhor através do meu trabalho, seja como desenvolvedora ou como docente. Eu sou uma pessoa de exatas com um pezinho em humanas, olho sempre para o lado social do que estou fazendo, então para mim a tecnologia não é fim, é meio. Eu vejo na web a possibilidade de permitir que qualquer pessoa tenha acesso à informação, ao conhecimento e a serviços. Como desenvolvedora e profissional de UX/acessibilidade, enxergo como uma missão contribuir para que isso seja possível. Como professora e palestrante, o que motiva é poder ajudar as pessoas a construir o conhecimento delas, mais do que apenas compartilhar conhecimento.

Um hobby?

Leituras diversas e música são meus maiores hobbies. Quanto à leitura, um hobby que tenho é estudar despretenciosamente outras áreas que não têm a ver com tecnologia (ou será que têm?). Gosto muito de filosofia, mas ainda não entendo tanto quanto gostaria. Inclusive, procuro basear meu método de ensino na Maiêutica de Sócrates (whaaaaat?? — reação de muita gente quando falo isso). Também gosto de estudar um pouco de psicologia e sociologia. Penso que, como fazemos as coisas para as pessoas, nada melhor do que entender o ser humano. Nós entendemos muito bem da tecnologia, mas pouco das pessoas que irão utilizá-la e isso me permite sair da zona de conforto.